terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Eis a Bandeira de Agostinho Neto * Antonio Cabral Filho - Rj

Uma Vida Sem Tréguas * Agostinho Neto, 1922-1979.
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Um Postal Para Luanda, Vega Editora, 1985.
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VOZ D'ANGOLA NA AMÉRICA LATINA, Edição POEMAS ANGOLANOS, Maio de 1978, Editorial PHILOSOPHIA POPULAR. Apresentação Walter c.
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Reproduzo abaixo o poema de Agostinho Neto mais utilizado pela militância no trabalho de solidariedade ao MPLA durante e após todo o processo de Independência Angola:

COMBOIO AFRICANO

Um comboio
subindo de difícil vale aficano
chia que chia
grita e grita
quem esforçou não perdeu
mas ainda não ganhou.

Muitas vidas
ensoparam a terra
onde assentaram os rails
e se esmagam sob o peso da máquina
e no barulho da terceira classe.

Grita e grita
quem esforçou não perdeu
mas ainda não ganhou.

Lento, caricato e cruel
oh comboio africano.....

Agostinho Neto
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FUNDAÇÃO ANTONIO AGOSTINHO NETO
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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

AS MULHERES NEGRAS E O FEMINISMO NO BRASIL * Bianca Santana

AS MULHERES NEGRAS
E O FEMINISMO
NO BRASIL
http://poetatalis.wordpress.com/2015/01/07/as-mulheres-negras-e-o-feminismo-no-brasil/ 
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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

MACHISMO ATACA NA USP...* Antonio Cabral Filho - Rj


http://poetatalis.wordpress.com/2015/01/07/quanto-sofrimento-de-mulheres-sera-necessario-para-que-se-combata-a-violencia-machista-na-usp/
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

CONCEIÇÃO LIMA, SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE * Antonio Cabral Filho - RJ

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Conceição Lima


Conceição Lima é uma poeta contemporânea de São Tomé e Príncipe, nascida em Santana, distrito de Cantagalo, a 8 de dezembro de 1961. Estudou jornalismo em Portugal e Estudos Afro-Portugueses e Brasileiros no King's College de Londres. Trabalhou na rádio, televisão e jornais de São Tomé e Príncipe e, em 1993, fundou o semanário independente O País Hoje. Estreou com o volume O Útero da Casa(Lisboa: Caminho, 2004), ao qual seguiu-se A Dolorosa Raiz do Micondó (Lisboa: Caminho, 2006).


--- Ricardo Domeneck



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POEMAS DE CONCEIÇÃO LIMA



Sóya



Há-de nascer de novo o micondó —
belo, imperfeito, no centro do quintal.
À meia-noite, quando as bruxas
povoarem okás milenários
e o kukuku piar pela última vez
na junção dos caminhos.



Sobre as cinzas, contra o vento
bailarão ao amanhecer
ervas e fetos e uma flor de sangue.



Rebentos de milho hão-de nutrir
as gengivas dos velhos
e não mais sonharão as crianças
com gatos pretos e águas turvas
porque a força do marapião
terá voltado para confrontar o mal.



Lianas abraçarão na curva do rio
a insónia dos mortos
quando a primeira mulher
lavar as tranças no leito ressuscitado.



Reabitaremos a casa, nossa intacta morada.
SAIBA MAIS....http://revistamododeusar.blogspot.com.br/2014/12/conceicao-lima.html 
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

ANTONIO CANDEIA FILHO, ENTREVISTA EXCLUSIVA * Antonio Cabral Filho - Rj

ANTONIO CANDEIA FILHO, ENTREVISTA

JOSÉ LITERATURA CRÍTICA E ARTE
MAIO DE 1977
entrevista
ANTONIO CANDEIA FILHO,
acesse
http://pt.calameo.com/books/001893073e961b552ed25 
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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

sábado, 6 de dezembro de 2014

POESIA DESDE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE * Antonio Cabral Filho - Rj

ALDA DO ESPÍRITO SANTO,
um exemplo da poesia de
São Tomé e Príncipe
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1 - http://nuhtaradahab.wordpress.com/category/sao-tome-e-principe/ 
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2 - http://www.saotomeprincipe.eu/stp_info/stp_read.htm 
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3 - http://www.odisseiasnosmares.com/2013/07/stome-e-principe-feira-de-livros-no.html 
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4 - http://www.teiaportuguesa.com/poesiaafricalusofona/ 
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5 - http://www.aresemares.com/index.php/sao-tome-e-principe/ 
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6 - http://www.oplop.uff.br/boletim/2455/sao-tome-principe-120-anos-do-nascimento-de-almada-negreiros 
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7 - http://tulisses.blogspot.com.br/ 
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8 - http://1001quilometrosquadrados.blogspot.com.br/ 
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9 - http://lusofonia.com.sapo.pt/LiteraturaSantomense.htm 
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10 - http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/s_tome_princepe/sao_tome_e_principe_index.html 
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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

TIA CIATA E O SAMBA * Antonio Cabral Filho - Rj

-Heitor dos Prazeres-
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TIA CIATA E O SAMBA

HILÁRIO JOVINO FERREIRA" LALU DE OURO", 
nasceu em pernambuco, criou-se em Salvador e chegou adulto ao Rio de Janeiro em 1872, quatro anos antes de Tia Ciata. Era músico, compositor, capoeirista e membro da Guarda Nacional; liderança cultural  e incentivador de atividades negras, introduziu diversas transformações na concepção do carnaval de então, com elementos das culturas baiana e pernambucana, a partir da fundação do Rancho Rei de Ouro, no dia 06 de janeiro de 1893, em companhia de Luis de França, Avelino Pedro de Alcântara, João Câncio Vieira, graças a um encontro casual no botequim do Paraíso, Rua Larga de São Joaquim - atual Rua Marechal Floriano. Dali seguiram para sua residência, no Beco João Inácio, nº 17 - Bairro da Saúde, atrás da Central do Brasil, onde às tantas da noite, após um "chá...dançante", Hilário parou tudo e apresentou o esboço do seu rancho, na presença de muito mais gente convidada, como Cleto Ribeiro, Gracinda e Noela, duas baianas influentes.No dia 7 de janeiro, foi integrado à equipe como Diretor de Canto o João da Macotinha, e começaram-se os ensaios. 

Urge ressaltar que Hilário exercia uma forte liderança na região compreendida entre o atual Santo Cristo e o Porto, tanto por morar no local, trabalhar no arsenal de Marinha como por promover carnaval nesse ambiente, tanto assim que ele cita como exemplo o chamado "carnaval pequeno", segundo suas palavras, constituído de "cordões de velhos, pelos Zé-Pereiras e pelos dois cucumbis da Rua João Caetano e o da Rua do Hospício ( atual Rua Buenos Aires)". Portanto, já existiam ranchos carnavalescos no Rio de Janeiro, embora valha a pena ressaltar que se tratava de um "modus operandi" espontâneo. 

Suas palavras registram isso em declaração ao jornalista "Vagalume - Francisco Guimarães": "O Rei de Ouro, meu VAGALUME, quando se apresentou com perfeita organização de rancho, foi um sucesso! Nunca se tinha visto aquilo, aqui no Rio: porta-bandeira, porta-machado, batedores etc." Isso é que marca a diferenciação em relação aos outros ranchos. Mas em termos de modo de desfilar, são iguais e seguem o estilo Folia de Reis, que é indo de casa em casa, começando sempre pelos padrinhos-madrinhas do agrupamento; daí a citação da Lapinha. Ao ser interrogado por Vagalume se continuou apenas com o Rei de Ouro, eis sua resposta: " Qual! ... assim é que no ano seguinte ( 1894) fundei a Rosa Branca..." e segue citando um conjunto de ranchos nos quais teve participação, ainda que como co-fundador. Outra citação mais adiante revela sua participação numa reunião em 1904 no "Consulado Pernambucano", Engenho de Dentro, colaborando na fundação de ranchos com bases no Maracatu, além de outros, frisando que o carnaval carioca ficou em "estado estacionário" até 1906. "1906?", pergunta Vagalume; "Sim, quando foi fundado o AMENO RESEDÁ!"

A declaração do Hilário acima de que "fundou o Rosa Branca" não oferece precisão uma vez que o ROSA BRANCA viria a ser criado mais adiante. Paralelo às suas atividades,  TIA CIATA corria em faixa própria e se transformou numa espécie de liderança quase que natural, graças à repressão política, o que fez aumentar a afluência de artistas e líderes negros à sua casa, todos ligados a uma nova expressão da cultura negra, denominada SAMBA, fruto da aglutinação libertária promovida por Tia Ciata, reunindo negros de diversas etnias, experimentando danças e ritmos nascidos da criatividade dessas pessoas. 

Sua inclinação instintiva para esse novo tipo de música, levou ainda à criação do primeiro Rancho de Samba do Brasil; observe que se trata de SAMBA, não de marchinas carnavalescas ou paródias ironizando alguma personagem, mas sim SAMBA,  em companhia de Tia Bebiana, Mestre Germano, Tia Bambina, do próprio Hilário-Lalu de Ouro, João da Mata, Minan, Didi da Gracinda, João Câncio, Carminha, João da Baiana, Sinhô, Donga, Heitor dos Prazeres, Pixinguinha etc, denominado Rosa Branca, que encantou as ruas do Rio de Janeiro na primeira década do Século XX,  iniciativa essa que coloca Tia Ciata na História do Samba e do Carnaval, brasileiros e cariocas, em 1907. Confira:  
 " Com o tempo, os ranchos ganharam as praças da Zona Sul do Rio de Janeiro, principalmente Botafogo, Gávea, Laranjeiras e Catete. O Rancho Rosa Branca foi criado em 1907, tendo à sua frente Hilário, Tia Ciata, Tia Bibiana e Mestre Germano. Como eram pioneiros tinham, inclusive, autoridade reconhecida pelas demais agremiações para inspecionar os trabalhos de todos os ranchos, comunicando pela imprensa o cumprimento das exigências para que os ranchos desfilassem. Tia Ciata e Hilário tinham uma estreita ligação. Nasceram no mesmo dia e se tratavam nas rodas de sambas como "Xará", já que tia Ciata se chamava Hilária. Hilário baiano foi para o Rio de Janeiro em 1872, quatro anos antes de tia Ciata. E por isso já estava mais acostumado com a cidade.  Eram líderes natos entre os negros da época. Ciata com espírito agregador, familiar e religioso; Hilário ou Lalau de Ouro era sensual, feiticeiro e polêmico. ( in http://www.clubedosamba.com.br/index.asp?url=noticia&id=217 ) "
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

POESIA DO TIMOR A LESTE * Antonio Cabral Filho - Rj

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POESIA DO TIMOR A LESTE
é meu convite a todos para conhecer mais este rincão literário forjado na luta pela dignidade, frente a tantas ignomínias.
1 - http://timor-leste.gov.tl/?p=10637&n=1 
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2 - http://timor-leste.blogs.sapo.tl/3837.html 
*
3 - http://lusofonia.com.sapo.pt/timor.htm 
*
4 - http://www.nosrevista.com.br/2010/10/05/poesia-e-resistencia-de-timor-leste/ 
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5 - https://cdeassis.wordpress.com/tag/timor-leste/ 
*
6 - http://timorlesteheartland.com/TimorLesteTerraCoracao.htm 
*
7 - http://ojogodalusofonia.blogspot.com.br/ 
*
8 - http://timordonorteasul.blogspot.com.br/2008_03_01_archive.html 
*
9 - http://www.momentum.tl/pt/voz.html 
*
10 - http://www.jornaldepoesia.jor.br/timor.html 
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terça-feira, 25 de novembro de 2014

POESIA AFRICANA 4: GUINÉ BISSAU * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ

POESIA AFRICANA 4: GUINÉ BISSAU

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Regresso - Poema de Amílcar Cabral, da Guiné-Bissau

Amílcar Cabral nasceu em Bafatá, Guiné-Bissau, em 12 de setembro de 1924, mas foi criado em Cabo Verde. Foi um militante político clandestino que representou os dois países durante toda sua vida na luta contra o neocolonialismo e contra a opressão europeia sobre a África, até ser assassinado por um membro do seu próprio partido, em 20 de janeiro de 1973. Segue abaixo um de seus poemas:




REGRESSO

Mamãe Velha, venha ouvir comigo
o bater da chuva lá no seu portão.
É um bater de amigo
que vibra dentro do meu coração.

A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,
que há tanto tempo não batia assim...
Ouvi dizer que a Cidade-Velha,
— a ilha toda —
Em poucos dias já virou jardim...
Dizem que o campo se cobriu de verde,

da cor mais bela, porque é a cor da esp´rança.

Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde.
— É a tempestade que virou bonança...


Venha comigo, Mamãe Velha, venha,

recobre a força e chegue-se ao portão.

A chuva amiga já falou mantenha

e bate dentro do meu coração!
*
( http://ufanisi.blogspot.com.br/2011/07/regresso-poema-de-amilcar-cabral-da.html )
&
POESIA AFRICANA: GUINÉ BISSAU
1 - http://www.minhasimagens.org/site/?page_id=4692 
*
2 - http://parquedospoetas.cm-oeiras.pt/ 
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3 - http://embaguibrasil.blogspot.com.br/2011/09/pequena-nota-biografica-do-autor-por.html 
*
4 - http://wanderleyelian.blogspot.com.br/2009/04/serie-poesia-africana-iii-guine-bissau.html 
*
5 - http://www.teiaportuguesa.com/guineebissau/viagemguinebissau.htm 
*
6 - http://novasdaguinebissau.blogspot.com.br/ 
*
7 - http://revistaliteratas.blogspot.com.br/2012/10/livros-poesia-da-guine-bissau-historia.html 
*
8 - http://kriol.wordpress.com/poemas/ 
*
9 - http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/guine_bissau/guine_bissau.html 
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domingo, 23 de novembro de 2014

POESIA AFRICANA 3: CABO VERDE * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ

POESIA AFRICANA 3: CABO VERDE
*
1 - 


CABO VERDE ANTOLOGIA
DE POESIA CONTEMPORÂNEA
Edição: 
Revista África e Africanidades
Ano IV Nº 13 Maio 2011
http://pt.calameo.com/read/00189307354b1e34b3297 
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2 - 

João Furtado e Senhora
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CABO VERDE FEMININO


 no livro A TERRA E A GUERRA PELA PAZ Vol-II

ACESSEM-NO
http://joaopcfurtado.blogspot.com.br/2014/03/cabo-verde-feminino-no-livro-terra-e.html
*
PORTAL CEN / JOÃO FURTADO
http://www.caestamosnos.org/autores/autores_j/JOAO_FURTADO.htm 
*
3 - http://www.manduco.net/apps/blog/show/3975482-a-literatura-do-fogo-no-universo-cabo-verdiano- 
*
4 - http://www.embcv.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=1430 
*
5 - http://tabanka.no/poesiakriolu.htm 
*
6 - http://www.limacoelho.jor.br/index.php/Poetas-de-Cabo-Verde/ 
*
7 - http://www.youtube.com/watch?v=rIlVUaX90Pc 
*
8 - http://daivarela.blogspot.com.br/2013/10/site-brasileiro-tem-grande-coleccao-de.html 
*
9 - http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/cabo_verde/cabo_verde_index.html 
*
10 - http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/cabo_verde/jorge_barbosa.html 
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sábado, 22 de novembro de 2014

POESIA AFRICANA 2: ANGOLA * Antonio Cabral Filho - RJ

POESIA AFRICANA 2: ANGOLA * Antonio Cabral Filho - RJ
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MEUS AMIGOS,
devido à vastidão do assunto, prefiro não fazer preleções, pois me estenderia demais, falando em poesia angolana, com a qual fiz contato no meado dos anos 70, através do MPLA. Por isso, prefiro que os amigos acessem os links abaixo e encontrem o que buscam. Boas pesquisas, ótimas leituras!

1 - http://www.agostinhoneto.org/index.php?option=com_content&view=article&id=1104:a-batalha-pelos-coracoes-foi-ganha-pela-poesia&catid=37:noticias&Itemid=206 
X
2 - http://www.embaixadadeangola.org/cultura/literatura/autores.html 
X
3 - http://www.ueangola.com/criticas-e-ensaios/item/264-a-poesia-e-os-seus-paradoxos 
X
4 - http://poesiangolana.blogspot.com.br/ 
X
5 - http://www.angolabelazebelo.com/category/poesia-angolana/ 
X
6 - http://angolapoetas.blogspot.com.br/ 
X
7 - http://www.lusofoniapoetica.com/artigos/angola.html 
X
8 - http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/angola/angola_index.html 
X

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

POESIA AFRICANA 1: MOÇAMBIQUE * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ

POESIA AFRICANA 1: MOÇAMBIQUE 
* Antonio Cabral Filho - RJ
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MEUS AMIGOS,
devido à grandeza do assunto, prefiro não tecer abordagens, pois me estenderia demais, falando em Poesia Africana, sobretudo Moçambicana. Por isso, convido-os a acessarem os links abaixo e encontrarem o que buscam. Boas pesquisas e ótimas leituras!

1 - http://encontrodosescritores.blogspot.com.br/2010/08/escritores-convidados.html 
X
2 - http://revistaliteratas.blogspot.com.br/2013/01/os-poetas-levarao-pelo-indico-poesia.html 
X
3 -http://ricardoriso.blogspot.com.br/2011/10/poetas-de-mocambique-antologia-de.html 
X
4 - http://lusofonia.com.sapo.pt/Mocambique.htm 
X
5 - http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/mocambique/mocambique.html 
X

terça-feira, 18 de novembro de 2014

CANTA MINHA CIGARRA - Crônica do Carnaval 1975 * Antonio Cabral Filho - RJ

-Foto: Internet-
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Moro na periferia, mas já morei no centro da cidade, ali no Catumbi,entre a cidade e a Favela da Mineira, e, vez por outra, vou à Praça Cruz Vermelha, degustar um galeto e tomar uns birinaites com meus irmãos de rabo-de-foguete.

Neste último sábado, me encontrei lá com Sabu e Micuim. Menti pra eles, dizendo que encontrara Tião Maria e Oswaldo Nunes, juntinhos os dois, na Praça de Osvaldo Cruz, devorando picanha regada a vinho. "É rúim, hein!", gritou Sabu. "Tô te dizendo que esse aí fez batida do "cerbro" e tu não quer acreditar....", observou Micuim, estufando o bico tipo Jamelão. Sentei-me junto com eles, naqueles banquinhos de concreto e propus o meu menu. O garçon apareceu, anotou tudo e sumiu. Perguntei-lhes se a fantasia estava pronta para o desfile e a resposta foi a de sempre: Perfumada!

Somos integrantes do Bloco Carnavalesco Bafo da Onça, criado pelo "colega" Tião Maria, junto com Juruna, Mistura, entre outros, em 12 de Dezembro de 1956, num bar do Catumbi. "Colega", porque somos policiais assim como ele. Muitos fazem pouco do Tião, tratam ele com desprezo, fazem-no de trouxa, pensam que ele é um manezão, mas se enganam. Por exemplo, todo mundo pode participar do bloco, desfilar, sair nele etc, mas se "aprontar", acabou. Nem frequenta mais, "pra não impreguinar", segundo suas palavras.

Certa vez, eu, Micuim e Sabu questionamos ele sobre a importância dada ao Oswaldo Nunes no bloco, sua liberdade, sua autonomia etc. Ele ficou chocado com isso. Segundo ele, Osvaldo Nunes era a ALMA do bloco, que até seus chiliques de bicha eram importantes para o bloco, que quebrava o machismo imperante no ambiente de carnaval, que ele descontraia todo mundo, porque nós, os heterossexuais, éramos uns castrados psicologicamente, pois tínhamos medo de nos soltar, de extravasar nossas neuroses e que só nos revelávamos de porre. Então lhe perguntei se nós, a tropa da corda, tínhamos como função garantir aquela "BICHA" cantando sobre o carro de som. Mas pra que eu disse isso! O Tião chegou soluçar. "Você está entendendo tudo errado! Disse, gritando comigo. "O cordão é para organizar os foliões, identificar quem é do bloco para o público e abrir caminho...! "Esse cara tá me chamando de Oxum?!..." Gritei com ele também. Mas ele rodou nos pés para um lado e para o outro, exatamente como sempre fazia ao ficar nervoso. Nesse momento o clima esquentou e quase pintou um sururu entre nós,quase brigamos, podes crer, e berrou: "Não é nada disso!!!! Pelo amor de Deus! É carnaval! É alegria! É descontração! Nós só prestamos pra organizar. Quem faz é ELE! ( se referindo ao Osvaldo Nunes), ele rebola pra todo mundo e todo mundo entra no embalo; você consegue isso??" e encerrou. 

Nos entreolhamos todos, todos de caras bem amarradas,fazendo o bico do Jamelão virar bilu-bilu, reinou um longo silêncio, e cada um tomou uma talagada de samba-em-Berlim. Respiramos, como que aliviados, e ele perguntou se podia contar com a gente, todo cheio de humildade, como era seu estilo, e o "CLARO PORRA!! saiu em côro. "Pois é; o pessoal do Cacique tá armando, diz que vai cercar a gente lá na Praça Onze e vem com tropa ( geralmente, capoeiristas)..."  e interrompemos ele informando "Mineira, São Carlos e Santo Cristo vem com a gente; Cacique vai virar tapete!! Urra!!", gritamos todos.

Bom, o garçon trouxe meu galeto e uma Black Princes. Os colegas xingam meu gosto por cerveja preta, e lhes explico que ela não empapuça.O papo continua. Daqui, vamos pra reunião com a TROPA DO CORDÃO. Já sabemos que o Cacique vem com tudo. Pedimos a quadra do ASTÓRIA ( Astória Futebol Clube, do Catumbi) para fazermos um "preparo" com o pessoal. Tem que ser  à vera. Ninguém pode treinar "faz-de-conta". Como militares, sabemos as táticas de luta em tumulto e vamos colocar nossos conhecimentos a serviço da comunidade, ensinando a se defender e a defender nosso bloco. 

Após o nosso lanche, cada um entrou no seu carro e fomos para o Catumbi. Ao chegar na Rua Van Erven, não conseguimos estacionar e fomos lá pra porta do cemitério, deixamos os carros lá e fomos para o Clube. Tinha mais de cem cabeças. Seu João, o funcionário escalado para abrí-lo para nós até estranhou: que bloco é esse que só tem homem?! É o pessoal do cordão, Seu João, lhe expliquei. Ele ironizou com a expressão "Ah, é a tropa de choque!", expressão muito popular na época devido às tropas do Exército que rondavam a cidade o tempo todo no início da ditadura militar. Explicamos ao pessoal o que estava por acontecer e que a nossa função era só proteger o bloco mas  que, infelizmente, isso não aconteceria sem entreveros. Fizemos treino corpo-a-corpo, treino com bastões e defesa contra arma branca. Após três horas de exercícios, escalamos quem seria linha de frente, laterais e aniquilamento. Ou seja, a linha de frente romperia o bloqueio inimigo, as laterais provocariam divisão do seu grupo e a turma do aniquilamento cuidaria dos seus especialistas.

Às seis horas, quando saíamos, chegou o Tião, afoito e emocionado com o que viu. Foi recebido com aplausos, abraços e gritos da galera. Só faltava uma semana para o carnaval e nós já estávamos prontos. Mas não sei por que cargas d'água, a organização do carnaval sempre nos colocava no mesmo dia do Cacique; parece até um proposito: quer que a gente mate um ao outro. sabe muito bem das nossas rivalidades, sabe dos nossos bairrismo, e mesmo assim, nos agenda para o mesmo dia; é covardia pura. 

Chegou o nosso dia, terça-feira de carnaval e lá vão os blocos pra avenida. Uma parte da bateria, com equipamentos mais leves,  se concentrou no Largo do Catumbi, quase em frente ao portão do cemitério, pra aglutinar o pessoal. A outra parte, os destaques, os carros de som e os apoios vocais, ficaram esperando lá na Rua Carmo Neto. Osvaldo Nunes ficou com a gente, saiu cantando no chão, à frente de uma kombi com duas caixas de som. Às oito horas da noite, estendemos o cordão e demos partida. Tínhamos,nesse momento, em torno de mil foliões, pois ocupamos o quarteirão da Igreja da Salete até à chegado cemitério. o bloco seguia em passo lento, que era pra não cansar ninguém, pois quando chegasse a hora da apresentação na Presidente Vargas, tínhamos de estar com muita energia. Ao chegarmos na Carmo Neto, recebemos mais um reforço em torno de quinhentas pessoas e com a complementação da bateria e do caminhão de som, deu para a cidade sentir  a presença  do BAFO DA ONÇA:

   " Nessa onda que eu vou / nessa onda iaiá / é o Bafo da Onça / que acabou de chegar / Olha a rapaziada / oba / vem dizendo no pé / oba / as cabrochas gingando / e como tem mulher / todo mundo presente / olha a empolgação / esse é o Bafo da Onça / que eu trago guardado no meu coração / é o bom, é o bom, é o bom!"  

Osvaldo Nunes foi no caminhão e os apoios no chão, cantando a meia voz e economizando garganta para a hora certa, lá na frente da CENTRAL. No cordão, tínhamos em torno de 200 cabeças, parada dura para o Cacique. Tião passava por mim, de vez em quando, esfregando as mãos na cabeça, preocupado. Eu, da minha parte, procurava tranquilizá-lo, pois só tínhamos "madeira de dar em doido", sujeitos porradeiros e bem treinados. Descemos a Sapucaí, ao lado da Brahma, aquecendo corpos e vozes, na esperança de que o Cacique já tivesse passado ou estivesse atrasado, pois não sabíamos a hora da sua apresentação. Minha função era coordenar o CORDÃO, e, sempre que passava pelo Osvaldo Nunes, gritava: "Canta minha cigarra!", pra irritação dele, que me fuzilava com os olhos. e eu saia rindo. A certo momento, eu saí caminhando na frente do bloco e fui para a Presidente Vargas, ver se havia alguma movimentação, mas o nosso som estava bem alto e dava pra ser ouvido a quilômetros. Lá no Santo Cristo, as pessoas acenavam bandeiras para nós, era a cidade cantando com o Bafo da Onça, Quando avistei a concentração do Cacique, localizada da frente do Hospital São Francisco de Assis até quase a Praça da Brandeira, um calafrio tomou conta do meu corpo e eu pensei comigo: vai ser uma carnificina. "Seja o que Deus quiser!", gritei pra mim mesmo e voltei, fui correndo ao Osvaldo Nunes, pedi pra mandar parar o bloco e avisei que o Cacique estava chegando também, o que ele fez imediatamente. O Tião veio correndo e eu lhe avisei, convoquei meus irmão em Ogum e fomos em frente, abrir caminho... Quem estava em nossa frente, virou tapete, em menos de meia hora. Não sei de onde veio tanto porrete; só pode ser do pessoal da Brahma, pois nós só contávamos com os braços, e, de repente apareceu uma kombi entregando pau pra todo nosso pessoal, que daí em diante, não economizou energia mais, bateu até cair. Sei que lá da frente do Balança-Mas-Não-Cai até ao Hospital tinha gente estirada pelo chão; as equipes do Corpo de Bombeiros e do Hospital Souza Aguiar trabalharam como nunca em suas vidas, e, que eu me lembre, batalha campal parecida, só a do FLA X FLU de junho de 1969. Mas o mais engraçado de tudo isso, aconteceu lá na enfermaria do Hospital Souza Aguiar, entre eu e um "Caciquista": Ele na maca dele e eu na minha maca, e, quando nos identificamos, avançamos um no outro, sem antes saber que estávamos sob efeito de algum "calmante", porque tanto eu quanto ele, caímos no chão igual duas abóboras.

Mas hoje, quando comento isso com meus velhos companheiros, surgem aquelas expressões nostálgicas, tipo " não se faz mais carnaval como antigamente, ou "hoje não existe carnaval, só turismo e dinheiro", ou então " o carnaval deixou de ser da comunidade", entre outras. E mais uma vez, quarenta anos depois, após um lanchinho de galeto com Black Princes, em Vila Valqueire, convidei-os para checar uma turma de bloco ( Mania de polícia!): fomos a Bento Ribeiro e nos acomodamos num barzinho ao lado de uma oficina mecânica, onde o Bloco Órfãos da Águia se reúne para "sair" e rimos às gargalhadas, pois estão fazendo a mesmíssima coisa que nós; daí, levei-os à Boiuna, em Jacarepaguá, aonde também nos aconchegamos no barzinho do Seu Chico, à beira do valão, na estrada do Pau Velho, onde o Piolhos da Boiuna está aquecendo as turbinas para confrontar o outro na Estação de Madureira. Aí lhes perguntei: O carnaval mudou?  

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